Se o Grêmio vier a ser punido com a perda de mando de campo, pelo fato de uma torcedora, identificada pela televisão, ter chamado o goleiro Aranha, do Santos, de "macaco" será uma tremenda injustiça. Sim, porque vale a pergunta: O que o clube pode fazer para evitar este tipo de comportamento? Colocar apenas 20 mil torcedores e contratar 20 mil seguranças para cuidar de cada um deles? Ou o racismo que é crime deve ser de responsabilidade da Polícia?
O mais interessante nisso tudo, é que um determinado jogador argentino - não me recordo - em São Paulo saiu de campo preso por ter ofendido um adversário afro-descendente. Aqui, a torcedora, identificada pela televisão, foi embora para casa tranquilamente, quando a autoridade policial tinha de prendê-la, assim como os outros que xingaram Aranha, chamando-o de "preto fedido" e outras coisas mais. E entre eles, segundo a tevê mostrou, estava um afro-descendente. O interessante é que leio que a nossa polícia quer a ajuda do goleiro para identificar a torcedora. Será que as imagens da tevê não valem nada?
Zé Roberto foi feliz, em entrevista depois do jogo, dizer que existe sim racismo no Brasil. O negro é sim espezinhado pelo branco quando não há conhecimento e nem amizade. Quando o branco é amigo do negro, aí eu concordo que não haja racismo.
No Brasil, na verdade, há uma série de preconceitos. Por exemplo: Vá numa revenda de carros de chinelo de dedos, com dinheiro no bolso para adquirir um veículo à vista, e veja como você será tratado. O vendedor nem chega perto. Vira a cara. Agora, se aparece um "doutor" bem arrumadinho mas pelado, há uma corrida dos vendedores para atendê-lo, O cara de chinelo de dedos só vai ser chamado de "doutor" se espalhar as notas de cem em cima de uma mesa. Aí, vai ganhar cafezinho, suco ou refrigerante.
O gordo também sofre de preconceito. Primeiro por receber, de cara, o apelido de "gordo". Depois se entrar num lotação todo mundo vira a cara, para que ele não sente ao lado. Se vai no supermercado, a comida mais cara é do gordo. Só que este tipo de preconceito não é crime. E assim vai.
Repito: tem de punir os agressores e não o clube.
E o Abel partiu para o ataque. Espinafrou um comentarista que vem lhe fazendo críticas. Disse até que o cara é conhecido como comedor de bola. Ou seja, pega reis para defender este ou aquele dirigente, técnico ou jogador. Só quero ver se o dito cujo vai para a rádio e para sua coluna revidar o que disse o Abel Braga. Acho que não, porque o técnico do Inter conhece demais o cara.
Luiz Carlos Oliveira, jornalista
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