"Tira de letra, Márcio"

O brasileiro, por natureza, é um imitador das coisas ruins. Bastou a repercussão das ofensas proferidas contra o atleta Tinga, do Cruzeiro, para que alguns imbecis passassem a hostilizar o negro. O que fizeram com o Márcio Chagas, numa zona que parece só ter brancos com sangue azul, foi algo inaceitável. Mas se tivesse de dar um conselho para ele, Márcio, diria: "Tira de letra, Cara!" Porque quem buscou este tipo de ofensa além de ser um imbecil de marca maior, talvez, não tenha o "status" financeiro e intelectual teu.

Um dos meus maiores amigos e de fé posso dizer, é negro. E eu tratava ele com o maior respeito. A recíproca era verdadeira. Então, não posso admitir que um ser humano por ser preto venha a sofrer represálias. Se bem, que no futebol, ofensas de racismo são proferidos até mesmo entre eles, negros, E cito um jogo no Ararigbóia, que o Paulo, jogador da extinta Portuguesa, saiu de campo para ser atendido pelo massagista. Como o jogo não parava, ele se dirigiu a um dos Machadinho desta forma: "Como é que é, negrão, vai deixar eu entrar ou não?"

O preconceito, no Brasil, não é apenas contra os negros, se bem que discorde de algumas vantagens que buscam como cotas nas universidades, por exemplo. Temos exemplo de negros que lutaram palmo a palmo com brancos  saíram vitoriosos. Caso, do nosso Ministro, do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Há preconceito sim, contra o pobre e o gordo especialmente. Vá numa revenda de carros de bermuda velha e chinelo de dedos para ver como você será tratado. Mas no momento em que mostrar ao vendedor os reais necessários para adquirir o veículo, você que era considerado pelo vendedor como um "chinelão" passará a ser chamado de "doutor". E a discriminação contra o gordo, então! Já começa no supermercado, onde os produtos custam o dobro dos normais. Na condução, quando entra um gordo, geralmente o cara que está num dos bancos vazios procura olhar para rua. Sem falar nos apelidos que são dados aos gordos.

Luiz Carlos Oliveira, jornalista