A mulher e o caseiro do ex-coronel foram chamados para prestar depoimento. De acordo com a DH, a vítima não tinha marcas de tiros no corpo. Segundo agentes que realizaram a perícia no local, o militar da reserva morreu por asfixia. Um rifle e uma garrucha antiga foram apreendidas pelos policiais e impressões digitais foram colhidas para análise.
TORTURADOR
O jornal o DIA, do Rio de Janeiro, divulgou no dia 26 de março deste ano que o ex-coronel Paulo Malhães relatou à Comissão da Verdade técnicas para ocultar cadáveres de presos políticos em prisões clandestinas como a Casa da Morte, em Petrópolis. Em depoimento, o militar da reserva de 76 anos admitiu que torturou e matou militantes nas prisões clandestinas da repressão.
“Quando o senhor vai se desfazer de um corpo, quais são as partes que podem determinar quem é a pessoa? Arcada dentária, digitais e só”, respondeu ele aos questionamentos de José Carlos Dias, membro da CNV. “Quebrava os dentes. As mãos, não (eram cortadas). Cortavam-se os dedos. E aí se desfazia do corpo… Eu não era tão especialista assim, existia gente mais especialista do que eu”, disse.
Os guerrilheiros assassinados eram aqueles que, após serem presos, não concordavam em trabalhar para o Exército como agentes infiltrados em suas organizações de esquerda. Malhães também explicou que as mutilações nos corpos eram feitas em quartinhos das prisões clandestinas. Questionado diversas vezes sobre quantos presos políticos matou, o coronel disse não lembrar. “É impossível determinar quantos”, afirmou.
O militar também admitiu que não tem nenhum arrependimento dos crimes que cometeu. “Eu acho que eu cumpri o meu dever”, declarou. Questionado sobre seu envolvimento no desaparecimento da ossada de Rubens Paiva, ele disse que recebeu a missão do Centro de Informações do Exército, mas não conseguiu cumpri-la pois foi acionado para outra ação. Em outro momento do depoimento, disse que os restos mortais de Rubens Paiva eram “uma massa morta, enterrada e desenterrada”. “Não tinha mais nada. Nem sei se aquela massa era realmente dele.”
Paulo Malhães assumiu que foi um dos comandantes da missão que sumiu com a ossada de Paiva em 1973. O coronel afirmou que seus cinco filhos e oito netos sofreram “sanções” depois que suas declarações foram publicadas.
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