O Prof. Mauro Myskiw, da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), que esteve
estudando o futebol de várzea de Porto Alegre entre os anos de 2009 e
2011, defendeu publicamente sua tese no dia 29/10/2012, no Programa de
Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS).
O
trabalho envolveu um longo período de permanência e circulação em
vários espaços nos quais o futebol de várzea da cidade ganha os seus
contornos (Gerência de Futebol, Ligas de Futebol, Parques, Praças e
Campos). Nestes lugares, o Prof. Mauro esteve observando funcionários
públicos, dirigentes de ligas e de times, treinadores, jogadores,
árbitros, torcedores, familiares e outros tantos trabalhadores que
aproveitam o momento para "fazer renda". Em alguns espaços, em
contrapartida à recepção das pessoas, ele pode colaborar na execução de
tarefas, especialmente naquelas que envolviam a organização das ligas e
de times.
O
resultado final disso contemplou uma análise de 4 controvérsias em
torno das quais todos aqueles que participam "da várzea", mais cedo ou
mais tarde, entram em contato: o alinhamento da organização entre as
ligas; a montagem dos times e a circulação de jogadores; a participação
da comunidade na beira dos campos e a pressão; a indisciplina e a
arbitragem. De modo geral, a tese aborda estas 4 controvérsias,
mostrando como em alguns lugares da cidade elas tem uma determinada
configuração e noutros podem ser diferentes ou como o início do
campeonato pode ser muito diferente do final.
Em
todos os momentos do trabalho, procura-se estabelecer relações do
futebol com a política pública de esporte e lazer, com as dinâmicas de
funcionamento dos parques, das praças e dos campos nas comunidades, com
as condições concretas das ligas e dos times para sustentar suas
práticas, enfim com a vida das pessoas na cidade (entre seus
compromissos com a família, com o trabalho, com os estudos, com a
religião, etc.). Ao contrário do que muitos podem pensar e outros até
reclamar, "a várzea" parece "sobreviver" justamente porque as pessoas
aprendem a jogar, organizar, torcer, apitar sem deixar de se serem pais,
maridos, vizinhos, amigos, desafetos, colegas de trabalho, etc.
Um comentário:
Parabéns ao Mauro e também a todas as pessoas que de modo diferente, mas não menos importante, fazem a Várzea de Porto Alegre!
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